quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Exposição de Letícia Parente - Grupo 10 - Por fim, até que enfim!


Oi. 
Subindo os últimos degraus que nos leva ao piso com o recorte do mundo de Letícia Parente, é possível se deparar com uma casa, matriz com poesia rabiscada, prosa versada em cada canto, do que deve ser o lar da artista (ou de cada um de nós): algumas paredes de concreto, memórias com cheiro de guardado ou o nosso coração?! Letícia sabia. Quem duvidaria?
Entrando pela esquerda, projeções ininterruptas, complementares, dispostas numa composição que convida o penetra a conhecer Letícia; e sua arte. Letícia artista e arteira.
Tarefas corriqueiras, contínuas, cansativas, automáticas. É possível transformar isso em algo aprazível aos olhos? Letícia atreve-se a convertê-las em arte. Somos atraídos por uma mulher passada. Passada a ferro quente. Mas ali não se vê susto ou agonia, só se nota delicadeza e a certeza do que se estava fazendo.
Em “In”, humano-produto, produto humano, o consumo como produto do homem (e da mulher). Leva-se a reflexão de nos guardarmos em nossos armários e deixarmos nossos objetos por aí, longe de qualquer amarra ou cabide, dando vida à importância que demos a eles, enquanto nós nos armamos e resguardamos.
Letícia pinta – simulacro em sua face; signos sutilmente delineados, pálpebras e lábios. Letícia borda. Alinhava na própria pele seu ufanismo num ato, para muitos, perturbador, mas para ela apenas mais uma representação artística. Feita de Brasil 75.
Em um dos vídeos o quadro explicativo entrega que ali se dá um momento de mudança. Ali dá seus primeiros passos tontos o audiovisual com tons artísticos e brasileiros. “Telefone-sem-fio”. Um passa-passa de cochichos espontâneos e envergonhados. À primeira vista pode-se acreditar que hoje isso seria muito fácil e possível. Mas em 1976, quem não tinha o machado havia de ter o dom. E aqueles jovens ensaiavam talento entre risos.
Em “O homem do braço e o braço do homem”, seu filho repete um movimento de máquina. E a máquina cumpre seu papel. E o filho sente exaustão. Mais uma tomada de consciência proposta ao convidado, sobre consumo e humanização do objeto ou substituição do homem pelo instrumento-dublê.
Arte e experimento. Empirismo e lirismo do cotidiano. Movimento que retira a inércia do espectador, arte de sensações – agradáveis ou não. Essa é a proposta aparentemente muito consciente dessa mulher.
Mas quem saberá exatamente o que quis Letícia? Transgredir a dona de casa ou revolver a artista? Temos o palpite que nem ela teve a pretensão de que acertássemos na totalidade. Ela quis. E isso basta.

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