sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Louise Bourgeois - Grupo 8 - A destruição do Pai

A Destruição do Pai - 1974
Gesso, Látex, Madeira, Tecido, Luz 

É a psicanálise. É o pai. É a vida. O caráter autobiográfico está presente em toda a obra de Louise Bourgeois, e podemos relacionar a isso a notória violência nela presente se lembrarmos o que a autora diz, que a arte é uma garantia de sanidade: a mente parece ser um lugar perigoso para se guardar certos sentimentos. São traumas, angústias, dores provenientes de um passado que não foi gentil. 

No caso de Louise, uma traição, o envolvimento do pai com a babá, a reação apática da mãe. Pode vir daí o rancor em relação ao pai. Mas não é só isso, sabemos que a artista se dedicou consideravelmente ao estudo da psicanálise e que isso se reflete em seus trabalhos. Em A destruição do Pai, é contada um história em que os filhos matam o próprio pai e se alimentam dele, retomando um dos grandes mitos psicanalíticos, de que é preciso destruir o pai para se desenvolver.

Louise Bourgeois - Grupo 4

Rejection2001.
(Rejeição - tecido, aço e chumbo.)

Essa obra tem muito do "eu" de Louise Bourgeois. O pai de Louise traiu sua mãe com sua babá. Louise se viu dividida entre o afeto que tinha por aquela mulher que cuidava dela, o amor e admiração da figura de referência que era seu pai e o sentimento de traição, não só à sua mãe, mas a ela mesma, que  não imaginaria que duas pessoas das quais tanto gostava pudessem viver uma situação de desrespeito a toda confiança nelas depositada. Ao mesmo tempo Louise se viu conturbada com a situação em que se encontrava sua mãe e toda falta de reação por parte dela. É nesse sentido que sua obra "Rejeição" se assemelha a ela, representa seu lado ferido, angustiado, amargurado. Aquelas duas pessoas não pensaram nas consequências de seu ato na vida de Louise e ela externou seu sofrimento, através de uma obra simples mas que, ainda que em diferentes escalas, não deixa de afetar todo seu observador.

Laura Barbosa




Red Room (Parents), 1994



labirinto
la.bi.rin.to
sm (gr labýrinthos) 1 Edifício com divisões tão complicadas que é dificílimo achar-lhe a saída. 2 Qualquer recinto, parque, jardim etc., com um emaranhado de passagens ou veredas. 3Disposição irregular e complicada. 4 Coisa complicada, grande embaraço, meada de difícil desenredo. 5 Enredo, confusão de linhas, enovelamento.

                                                                                            - Dicionário Michaelis Online


Entrar no quarto é entrar no labirinto. E se perder em meio à mente de outra. Parece a visita à cabeça de alguém que permitiu-se abrir. 
Olhar para a forma encaracolada, no salão escuro, e ver que dela sai uma misteriosa luz amarelo avermelhada.
O salão escuro é a mente de Louise. O ponto iluminado é a lembrança forte da família estranha, afastada, confusa. Focos de lembrança, de emoção, as marcas do passado que lhe tomam a cabeça. Ou as cabeças, as quais nos é permitida a entrada através do labirinto.E quase conseguimos saber o que acontece. Percebemos a resposta do que se passa dentro de Louise passar ao nosso lado como um sopro, mas sem sentir propriamente o que é. Sem compreender. 
Não é possível, para nós, sair do labirinto, porque nunca é possível entrar. Anda-se ao redor dele, se conhece sua forma, mas nunca o seu minotauro.Só Louise foi até o final do próprio labirinto. Só ela conheceu o minotauro. E não pôde mais sair.
Porque o minotauro devora quem o encontra.


Clara Leitão Abreu.

Louise Bourgeois - Grupo 2


    A obra "Casal IV "me intrigou, uma vez que com toda a sua simplicidade estética, conseguiu de modo invejável despertar a sensação em mim, como espectador de que havia, diante dos meus olhos, realmente um casal abraçado. Além disso, considero interessante o fato de que utilizando apenas os elementos mais básico do corpo humano ( tronco, braços e pernas), é possível relacionarmos incoscientemente a um corpo completo. O uso da bota no membro inferior me gerou certa intriga, visto que não sei se foi utilizado para ressaltar o membro ou se foi para incrementar a obra, de forma a reiterar a ideia de essa estrutura escura estar representando um corpo humano.
   Dessa maneira, a obra comprova definitivamente que a simplicidade utilizada de forma inteligente e objetiva vale mais que muitos detalhes, confusos e sem sentido.

Rafael Ricardo Meliande Soares







         A exposição "Louise Bourgeois – O retorno do desejo proibido", foi uma experiência impactante. Os desenhos, pinturas, esculturas e instalações, realizadas com diferentes materiais, tecem um diálogo com a psicanálise, as relações familiares, o corpo, a sexualidade e as inquietações do inconsciente da artista.
        A peça "Give or Take", de 2002, apesar de ser muito interessante, me desconforta. Duas mãos humanas ligadas a um único braço (uma em cada extremidade). De um lado a mão está aberta, como se estivesse a dar algo, a pedir, ou a chamar; a outra mão está fechada como se recebesse, pegasse, retivesse algo. Fica aquele dilema: "dar ou tomar?". Outra interpretação seria imaginar que a mão que se abre  espera por algo, mostrando dessa forma, vestígios de esperança; enquanto a que se fecha, ou não mais espera, ou tenta segurar entre os dedos o momento ou o gesto inesquecível.
       A escultura insere-se na estética do surrealismo. Parece ser a mistura do real e do imaginário, do consciente e do inconsciente: um ser que se resume em um braço cujas extremidades expressam a simultaneidade de dois gestos.

Fernanda Assis Carvalho







Spider - 1997



     


           Vê-se uma enorme aranha, envolvendo com suas patas uma espécie de grande jaula. No centro, uma cadeira. Vazia. Solitária. A obra reflete uma solidão aprisionada, que ao mesmo tempo é protegida por uma mãe-aranha. Teria essa mãe tecido este cárcere, ou estaria apenas o resguardando? O cadeira solitária expressa uma ausência, mas também uma presença de alguém, a quem o lugar está reservado. Vem a mente uma Louise só, protegida pela figura materna. Olha-se novamente e a lembrança da ausência do pai, que talvez devesse estar sentado ali também permeia o pensamento na busca pelas intenções da artista. Despertando, assim, um sentimento conflituoso de pressão e proteção simultaneamente.







   
       Um Arco, feito de corpo e de histeria. Essa perturbação da sensibilidade e do movimento acaba por revelar uma beleza incômoda, no esforço do corpo em se tornar forma. A suspensão deste corpo-forma é feita  de uma maneira sensível, colocando-o em uma situação de extrema fragilidade. Tem-se a impressão de instabilidade, de que se pode desloca-lo ao menor empurrão. A peça, ainda se encontra presa por uma corda ligada ao ventre do corpo retratado, e apesar de ser uma figura masculina, essa ligação acaba por remeter à uma união á figura materna, tal conexão pode ser vista representada em muitas das demais obras de Louise Bourgeois.


Mariana dos Santos de Andrade