sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Bandido da Luz Vermelha - Grupo 6 - Cinema marginal: anarquia e esculhambação

Grupo (Ariel Menezes, Andressa Guerra, Gabriel Jácome, Raphaella Arrais)

 Cinema Marginal surgiu, nos anos 60, como uma forma de fazer um cinema alternativo ao Cinema Novo, que imperava naquela época. Sua intenção era romper com o politicamente correto e usar de humor, deboche e métodos sem refinamento.
 Dessa maneira, retratava a cultura e a sociedade brasileira de forma bastante informal e distinta do que era feito anteriormente. Os filmes eram produzidos com um baixo orçamento e nas histórias apareciam, freqüentemente, elementos bizarros, eróticos e pornográficos. Um dos filmes mais conhecidos do cinema marginal é O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla.
Neste filme, buscando a “automarginalização” Rogério Sganzerla se apropria de uma história de repercussão nacional, a do João Acácio Pereira da Costa, o verdadeiro bandido da luz vermelha que dominou a opinião pública e assombrou a sociedade da época.
O personagem central do filme é dividido entre o banditismo e suas contradições psicológicas, durante o filme fica evidente a fraqueza psicológica do personagem quando ele repete “Quem sou eu?” e quando conta as histórias da sua infância quando tentou se suicidar enumeras vezes, todas sem sucesso. Assim, o produto desta frustração é a sua violência e crueldade que aparece em forma de um desapego a vida e a moral.
Apresenta-se o terceiro mundo como meio fomentador de marginais onde a venerabilidade humana é colocada a prova e facilmente corrompida. Com traços escatológicos e várias demonstrações pornográficas, o roteiro usa da esculhambação (lema desse “movimento”) para demonstrar sua revolta pela posição das elites e dos políticos da época, como é afirmado no filme: “Quando agente não pode fazer nada, agente avacalha, avacalha e esculhamba”.
Outro ponto que chama bastante atenção e o fato de dois radialistas serem os locutores do filme, essa situação é uma crítica ao veículo de comunicação mais influente do momento. O rádio é tratado como vinculador de informações falsas, sensacionalistas e controlador da massa, mas também pode ser entendido como a consciência da sociedade paulista horrorizada com os atos do bandido.
Os personagens do político e do delegado, aparecem representando o desprezo do diretor pelos indivíduos que pertencem ao sistema ou são detentores de poder na sociedade brasileira. O político J.B. é o estereotipo do populismo, ele abusa do poder e é declaradamente corrupto subestimando o povo e utilizando sua eloqüência para manipular os eleitores com promessas sem fundamento. O delegado é retrato da boçalidade e ineficiência ao mesmo tempo, além de não conseguir prender o bandido, acaba morrendo de forma humilhante ao pisar por engano na mesma descarga elétrica com o qual se mata o bandido.
Devido à complexidade do protagonista fica difícil de entender seu conflito pessoal e entendê-lo como cidadão. Assim, o filme mostra com cinismo e sarcasmo a situação deplorável do Brasil, ele retrata essa situação de forma revolucionária aproximando-se do popular, mostrando uma população descrente e sem ingenuidade.

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