sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Exposição "Panoramas" - Grupo 5 - Horizontes

Exposição Panoramas.

“Na medida em que os panoramas procuram reproduzir na natureza representada alterações enganosamente similares, eles prenunciam, para além da fotografia, o cinema mudo e o cinema sonoro” – Walter Benjamim, 1935.


 A exposição ‘Panoramas’, que estará no Instituto Moreira Sales até o dia 13 de novembro, nos apresenta um território até então desconhecido para nós, deste século, mas fantástico o suficiente para nos fazer querer correr através do tempo apenas para presenciar o espetáculo da imagem panorâmica. Ele ocorria dentro de estruturas circulares gigantescas chamadas rotundas, construídas unicamente com o intuito de abrigar as enormes pinturas que viajavam grandes distâncias para criar um ambiente que iludia e maravilhava o espectador.
  Nesta exposição, são apresentadas imagens panorâmicas do Rio de Janeiro produzidas ao longo de um século, de 1820 a 1920. Nela, é possível ver não apenas o desenvolvimento da cidade naquele período, mas também o das técnicas de reprodução de imagem, desde a aquarela até a fotografia, com salas apresentando pequenas gravuras em carvão, fotogravura, grafite e até lápis de cor. Outra sala possui uma pedra litografada e uma câmara escura, instrumentos que possibilitaram que aquele momento fosse retratado e exposto mundo afora. Ao longo das salas, imagens em preto e branco, em sépia, carimbadas na pedra ou pintadas a guache revelam a cidade maravilhosa e sua paisagem deslumbrante, vistas do alto de morros, da Mata Atlântica ou da Baía de Guanabara.
   Embora tudo o que possamos ver sejam pequenas imagens emolduradas, é possível sentir pelo menos uma pequena parte do deslumbramento que o visitante de uma rotunda devia sentir ao ver-se engolido por tão fascinante paisagem. A vontade que se abate sobre nós de presenciar um desses espetáculos é saciada, em parte, pela pequena representação da rotunda criada para a exposição. A imagem nos coloca no mar, enquanto o Rio de Janeiro do início do século XX espalha-se à nossa volta. Tal experiência nos leva de volta nos séculos para tentar entender qual seria a função da obra panorâmica. As imagens - pintadas, litografadas, fotografadas – tinham mais de 100 metros de altura, sua grandeza engolindo o visitante e colocando-o dentro de uma ilusão, assim como o cinema atual faz conosco. Durante o tempo em que permanecia ali, a pessoa era levada para o ambiente retratado, fosse o Rio antigo, uma praia ou um jardim. Quem entrava ali, permitia-se escapar da realidade por alguns momentos para cair num ambiente onírico, numa cidade distante, numa cena relaxante.
   


Entrar num panorama era entrar numa realidade paralela, mesmo que apenas por alguns minutos. Recriar ou celebrar panoramas em pleno século XXI é um convite à redescoberta não apenas da nossa História, mas também da tão envolvente quanto esquecida contemplação artística.


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