sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Exposição "Panoramas" - Grupo 6 - A perspectiva 360

Grupo (Ariel Menezes, Andressa Guerra, Gabriel Jácome, Raphaella Arrais)


O panorama surge no século XVIII com Robert Barker, como quebra da percepção individual sobre a relação da paisagem com a obra de arte. Ele é constituído para provocar total imersão do espectador, ilusão e deslumbramento a qualquer um que se posicione no centro da estrutura.
            Apesar de chegar a ter 35m² de área, o panorama é produzido para a contemplação de um único indivíduo. Toda a estruturação é feita para produzir uma transposição da realidade e o aparato arquitetônico possui relações de contato direto com elementos da realidade para aproximar ainda mais a arte do real (hibridismo), como: luz natural, reprodução do solo e outros elementos que ajudem na composição de uma atmosfera integrada entre público e obra.
            O panorama na história da arte está sempre presente, em paralelo com a evolução tecnológica e paradigmática da sociedade. Das rotundas de Barker aos projetores circulares de Ann Hemilton, o panorama está em constante transformação buscando o aperfeiçoamento e a produção de sentido nessa perspectiva 360°. As variações do panorama inicial da pintura como o mesorama, cineorama e o photorama são exemplos dessa transformação tecnológica e agregação a outras técnicas como o cinema, fotografia e cenografia.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 1

    A exposição "Atos de Fala", que foi exibida no Oi Futuro de Ipanema, mostrava três vídeos-ensaios (se trata de um modelo diferente de vídeo-arte) com propostas distintas e sem conexão entre sim. Esta falta de ligação entre as obras é um dos primeiros aspectos que consideraremos como um defeito no nosso texto.

    O ponto forte dessa exposição, talvez o único, é o caráter subjetivo dos trabalhos, o que não é representado apenas de maneira usual, como no conteúdo dos vídeos, por exemplo, mas também em suas formas. Isso quer dizer que é mais relevante nesse caso observarmos o "como" do que o "porquê".

    O conceito de arte como fala é cunhado pelo linguista inglês John Austin, que dizia que a fala em si, o discurso, que tem sua importância em algo além das palavras. Para Austin, o ato de fala ocorre com tudo que se move a partir do discurso, tudo que sofre a ação do discurso. Nos vídeos-ensaio esse novo conceito fica evidente, pois a mensagem (quando há de fato mensagem) do artista é transmitida através de seus movimentos em cena atrelados à linguagem.

Agir é falar e falar também é agir.

Uma espécie de dança contemporânea é usada pela artista Denise Stutz para homenagear sua mãe, que tem doença de Alzeheimer. Os cortes feitos no vídeo "Até que você me esqueça" - título bastante sugestivo para fazer tributo a alguém com mal de Alzeheimer - durante a edição funciona como metáfora da mente de sua mãe, fragmentada, com ideias soltas desconexas.

    "O deus no arroz doce" é composto por fotos e  trechos de vídeos da família de seu realizador. A dinamicidade da edição passa a sensação do tempo, representando as gerações. Atividades rotineiras das crianças e depoimentos dos avós ilustram bem a intenção do autor, que questiona o que é a felicidade de uma forma bastante original e resgatando o valor o da sua família.


    O terceiro e polêmico vídeo, "Sortilégio", de Milena Travassos, é construído num quarto escuro e misterioso, onde é possível observar alguns objetos curiosos. Garrafas de vidro grandes e com formatos estranhos, segundo a visão da artista, dão um ar de laboratório àquela situação. A partir do vídeo e reforçado pelo discurso de Milena Travassos, percebemos que não há de fato nenhuma ideia inicial nessa obra, o que deixa uma sensação de vazio angustiante no espectador que não entende a essência do vídeo simplesmente por não haver nada para ser entendido, tendo visto que nem a própria "idealizadora" - destaque para as aspas - compreende a sua intenção (ou a falta de). 
     O vídeo-ensaio não conseguiu provocar nenhuma reflexão a não ser essa, que se trata do questionamento sobre o que pode ser considerado arte. Vimos também que a utilização do poema "A Lua ", de Walter Benjamin, foi obra do acaso , pois a artista só pensou em usar o poema - que nem é dela - após ver o vídeo pronto e perceber que havia um espelho redondo no ambiente e que isso parecia a lua (?), sendo que o espelho também não foi posicionado ali com essa intenção. Se não existia o conceito de "arte acidental", pode ser que ele está sendo construído nesse caminho...



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 6 - Deus está no tempo quando não sabíamos que éramos felizes

Grupo (Ariel Menezes, Andressa Guerra, Gabriel Jácome, Raphaella Arrais)

Exposição feita sobre videos-ensaios e palestras intervenções "Atos da fala" apresenta a performance como uma nova "lente", ou seja, novo ponto de vista para a arte. Fala é agir e atuar, existe um ritual que agrega valor a fala e que trás instituições estabelecidas aproximando a relação entre locutor e interlocutor.
Fazendo uso de uma linguagem pautada no “fluxo de consciência” Enrique Diaz, apresenta a historia de Juan e Maria Cândida, casados há 55 anos e muitos países. As lembranças colocadas como imagens de retratos antigos provoca uma sensação de nostalgia no espectador que se transporta para as recordações gravadas num álbum inteligível do artista o qual resgata seu passado através de fragmentos de sua própria memória.
Sua filha, na banheira, com o som do mar representa o nascimento através do contato com a água que já se inicia no ventre materno. Depois numa poltrona assistindo a projeção de crianças numa banheira uma senhora se emociona evocando sentimentos de saudade após ser confrontada com uma prova do tempo vivido e dos frutos produzidos como se até ali ela tivesse habitado um constante presente sem ter reparado nas cenas passadas de sua própria vida.
A conversa sobre a presença de Deus em todas as coisas evoca a questão do choque de gerações apresentando as diferentes perspectivas sobre a questão da divindade e a presença ou não dela nos aspectos cotidianos, afinal de contas onde realmente está Deus?
As imagens da sua infância - com o irmão sempre presente - mostram o ponto de vista da escolha. A escolha do que ele queria ver enquanto criança e das coisas que ele queria guardar para depois rever ou lembrar.
Na busca da “terra sem males” o vídeo-ensaio finaliza – paradoxalmente - a narrativa do começo da família que foi formada em diversos países sempre visando o conhecimento (estudo) e o bem estar (terra sem males).
Num epílogo, projetado em sua cozinha, as cenas dos seus filhos com o som das vozes de uma reunião familiar que aborda lembranças da infância arremata o ritmo de poema que este vídeo possui. Enrique trazendo características do teatro contemporâneo que pratica faz o experimento do corte, o que provoca a sensação da desconexão, própria de recordações da nossa infância.

O vídeo ‘Até que você me esqueça’, de Denise Stutz, é uma homenagem que agrega várias formas de arte, há, ao longo do filme, dança, música e narrativa. Denise dança ao som de uma música com batidas pesadas e espaçadas entre si, que conferem um tom dramático, e que, em vários momentos, acabam se misturando com o som de sua própria voz. A narrativa que ela realiza é por vezes confusa: a voz fica baixa ou é mascarada pelos instrumentos. A mensagem, porém, é clara. Todas as palavras que proferem, de uma forma ou de outra, remetem à saudade e melancolia.
            Esses sentimentos são direcionados à mãe de Denise que sofre do Mal de Alzheimer, doença degenerativa que provoca o esquecimento. Esquecimento esse que é bem retratado na estética do vídeo. A imagem deste é esbranquiçada e fica mais clara em vários momentos, inclusive no final quando a imagem vai clareando até tornar a tela completamente branca.
            Há tradução desses sentimentos, também, na dança, que está longe de ser uma performance impressionante e não parece ter intenção de impressionar. Os movimentos são duros e tensos, retratando a dor que Denise sente devido à doença da mãe. Estes, ainda, várias vezes se dirigem ao céu como se ela indagasse a Deus ou à alguma outra entidade o porquê daquela situação.
  
O vídeo "Sortilégio" se passa em um quarto com espelhos pendurados na parede, e com diversas garrafas que continham água, e conforme ia passando o vídeo ela ia se molhando como uma espécie de ritual, e por ultimo ela se ajoelha e se banha com vinho. Lá na exposição a artista Milena Travassos conversou e explicou o seu vídeo, e com isso fez com que eu não concordasse muito com a arte, pois a artista foi atribuindo significado para o seu vídeo após ter sido realizado, ou seja, ela não o fez com alguma intenção ou com uma idéia, ela simplesmente fez e depois pensou o que aquilo poderia se tornar. Como por exemplo, os espelhos, ela não os colocou la com um propósito específico, mas depois que assistiu ao vídeo viu que pareciam uma Lua e por isso no final ela adicionou um poema de Walter Benjamin que fala sobre lua.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 4


A exposição Atos de fala, visitada no Espaço Oi Futuro Ipanema, mostra uma relação fala-mundo, onde nem toda fala é descrição, mas um agir. Onde está o sentido da fala? Coube a nós, através dos três vídeos expostos, encontrar a resposta adequada ou pelo menos refletir sobre as obras e darmos, nós mesmos, o sentido que nos parecer apropriado.

"Até Que Você Me Esqueça" - Denise Stutz
O vídeo mostra uma mulher dançando e a imagem, com o passar do tempo, vai embranquecendo. Apresenta também uma voz ao fundo, como se houvesse uma espécie de narradora, que fala sobre a saudade como um sentimento constante em sua vida.
Tivemos a oportunidade de saber, durante a exposição, que o vídeo era dedicado à mãe da artista, que sofre de Mal de Alzheimer. Essa informação adicional trouxe à obra uma interpretação mais rica, porque deu sentido maior à saudade mencionada e também à imagem que clareia até ficar branca, representando o esquecimento das lembranças da vida.
"O Deus No Arroz Doce." - Henrique Dias
Há a lenda da terra sem males. Diz que o povo guarani tinha como objetivo encontrar a terra onde só haveria felicidade e fartura. Procuravam-na incessantemente. Em algum lugar, por vezes, pensavam ter achado finalmente, mas o profeta dizia que não, aquela ainda não era a terra sem males. Mandava, então, um grupo de jovens atrás da verdadeira terra puramente de coisas boas. Chegando a outro lugar, achavam ter conseguido, mas novamente um guia espiritual dizia que não e outro grupo era mandado para explorar e conquistar a terra sem males. Assim, os guaranis se espalharam por todo o continente sul-americano.
A história é contada na voz do avô, com jeito de quem fala com o neto antes de dormir. Família é o conceito mais explorado nessa obra. O casal de senhores contando sua história (que é também uma busca pela terra sem males), as filhas pequenas tomando banho, a pergunta inocente, as imagens despretensiosas, o arroz doce feito em casa: detalhes de um cotidiano construído por amor e ternura. 
"Vó, Deus tá nesse arroz doce?" E a resposta vem com o gosto bom de família. Deus está nas coisas boas. Em um vídeo que nos dá vontade de procurar pela terra sem males, por exemplo, ou melhor, que nos mostra que a convivência familiar e os sentimentos ternos que vêm com ela são, de fato, o lugar de felicidade que buscavam os guaranis.

"Sortilégio" - Milena Travassos
"Sortilégio" ganha um lado íntimo pelo fato de ser pensado especialmente para acontecer no quarto de Milena Travassos, lugar onde ela guarda suas emoções, alegrias, tristezas, pensamentos: é seu refúgio. Tendo a autora afirmado que aquela performance fora planejada para aquele ambiente - que talvez não funcionasse fora dele - e que os vidros representam para ela uma experimentação, pois remetem a um laboratório, o quarto é o lugar perfeito, pois é nele, tendo os espelhos como testemunhas, que uma mulher experimenta novas feições, novos estilos, novos modos de ser. Num quarto, como em um laboratório, se dão transformações e mudanças.
O ritual de bebida e banho com água e vinho exterioriza seu lado místico e seu universo encantado, o sortilégio de Milena. A filmagem é feita sem cortes, o que mostra que a preocupação maior não está na perfeição, mas no registro de cada sensação.
Ao final do vídeo é recitado um trecho do poema "A Lua", de Walter Benjamin, pensado pela artista após assistir o vídeo e ao perceber que um dos espelhos na parede, redondo, nada refletia além da parede à sua frente, o que deu o aspecto lunar a ele. O poema ter sido acrescentado após a finalização do filmagem reflete a continuidade da obra, que não tem um fim decretado e pode, talvez, sofrer ainda mais alterações de acordo com a visão do espectador sobre ela.
O vídeo de Milena, como ela mesmo declarou, não tinha propósito especial, foi pensado para aquela exposição. Assim, cabe ao espectador atribuir sentido a ele, da mesma forma que a artista o fez, ao perceber o tom e o ritmo durante a gravação, de forma instintiva. Uma obra mais corporal do que qualquer outra coisa. É possível entendê-la como um culto ao corpo e às sensações. Tendo também a própria autora definido aquele ritual como uma espécie de batismo, que numa conotação religiosa representa um novo nascimento, podemos associar que ali, naquele ambiente de experimentação, alguém experimenta nascer de novo, quem sabe recomeçar do zero e, talvez, mudar da água para o vinho.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 7 - Atos de fala: Milena Travassos

Arte e fala estão além de suas próprias definições, constituem uma relação importante entre si. A fim de exteriorar essa relação, foi criado o evento Atos de Fala, que englobou palestras-intervenções,  esculturas-arquivos e vídeos-ensaios, no Centro Cultural Oi Futuro Ipanema. Dentre os artistas presentes, Milena Travassos nos recebeu para apresentar “Sortilégio”, sua obra de vídeo-ensaio exposta no evento.

O vídeo inicia com a própria Milena sentada no chão de um cômodo que aparenta ser seu quarto, composto por espelhos, objetos pessoais e jarros de diferentes formatos cheios de água ou vinho. Ela começa, então, uma espécie de ritual, bebendo e derramando em si mesma a água dos jarros e colocando-os vazios em sua volta, no chão. Por fim, ajoelhada, bebe o vinho contido em um dos jarros, e também o faz derramar sobre sua cabeça. Feito o ritual, levanta-se e deixa o aposento enquanto declama um fragmento do poema “A Lua”, de Walter Benjamin

A atuação, ela explica, não foi totalmente premeditada e abriu-se espaço para o improviso de detalhes. O vídeo, por sua vez, foi gravado em apenas uma tomada, não havendo, portanto, nenhum corte na filmagem. Quanto à posição da câmera e a disposição de alguns objetos, foram pensadas com o objetivo de provocar uma sensação de certa intimidade ao expectador.

Milena esclarece a razão do vídeo se chamar “Sortilégio”. A palavra tem origem do latim sortilegium, sortis (“sorte”) e legium (“leitura"), e remonta à tradicional leitura de sorte por sacerdotes e feiticeiros. A palavra traduz a ideia de mistificação e simbolismo e caracteriza, nesse sentido, o ritual retratado no vídeo.

Atos de fala teve como objetivo promover uma reflexão sobre os discursos e seus formatos, contextualizando-os com a arte. Diversas obras foram expostas com esse objetivo e particularmente a de Milena Travassos mostrou como a sucessão de gestos e suas particularidades compõem um formato de discurso, um ato de fala.

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 5 - O sortilégio da arte

A exposição que ficou em curtíssima temporada no Oi Futuro de Ipanema apresentou (além das performances noturnas) três vídeo-performances. Embora as obras estejam na mesma categoria, o objeto de análise dos trabalhos eram muito diferentes entre si, o que deixou a exposição pouco coesa.

O trabalho “Até que você me esqueça” é uma dança-performance. Nele, a artista apresenta a água e o movimento como símbolos da vida. O expectador a vê dançar ora através das grades da janela, ora ao ar livre, transmitindo diferentes sensações quanto à liberdade e a expressão na dança. A força posta em cada passo marcam a intensidade e a conexão dos movimentos da artista com a natureza. É uma obra muito bem pontuada nos movimentos, mas com tão pouca cor que os destaques ficam velados.

Já na obra “O deus do arroz doce”, o artista faz um vídeo-registro de sua vida e sua família. Através de depoimentos dos avós, que escolhem o Rio de Janeiro como a terra sem males, de fotos de uma menina nadando na banheira e de um menino espreitando a empregada doméstica cozinhando, o artista marca o cotidiano familiar. Há muitos efeitos no vídeo, mas, como destaque, veem-se fogos de artifício marcando a felicidade e o início. É feito também o questionamento sobre o que é a felicidade. É um trabalho confuso, mas que transmite um ar pueril, o que agrada, pois se vê o valor que o autor dá a sua família, ajudando o público a se aproximar e a se identificar com o universo da obra.

O terceiro trabalho se chama “Sortilégio” e se trata de um vídeo-ensaio. A artista cria um universo misterioso, como se o expectador olhasse pelo buraco da fechadura. É quase mágico com o auxílio de imagens em preto e branco, garrafas de vidro, espelhos e reflexos, luz e sombra, imagem distorcida e gestos que lembram um ritual. Ela se utiliza do poema “A Lua” de Walter Benjamin para dar acabamento a sua obra, mergulhando ainda mais no universo do fantástico. A artista, que usa uma roupa que parece se fundir ao chão (tornando-a mais integrada àquele universo), utiliza muitas garrafas com água e uma com vinho para representar algo como um batismo ou um ato de purificação.

Muito se questionou quanto ao caráter artístico da obra, pois a própria artista revelou que boa parte do que estava no vídeo foi feito “acidentalmente”, ou melhor, de forma não planejada. Por exemplo, ela tossir, um espelho a refletir, um parecer uma porta e o outro uma lua. O que, portanto, não teria um conceito, seria simplesmente uma experimentação que foi considerada arte.

Particularmente, acredito que a obra de Milena Travassos se encaixa na categoria da vídeo-arte pós-moderna que procura experimentar, criar mesmo sem ter certeza de qual será o resultado. É, de fato, carente de um conceito bem fundamentado, mas entretém, desperta a atenção pelo aspecto onírico. Logo, considero como arte já que provocou alguma sensação no expectador. 

domingo, 18 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 2

O que fazer num festival em uma cidade já repleta de tantos outros festivais? O desafio está em realizar uma performance diferente! Uma lente que crie outros conjuntos. “Atos de Fala” trata-se de um festival realizado no Oi Futuro de Ipanema, com duração de cinco dias, constituído por diferentes elementos, como palestras-intervenções, vídeos-ensaios e esculturas-arquivos.
          Durante as quatro noites de festival, as palestras-intervenções aconteciam às 19 horas. Foram elas: “Sustenance: A play to all trans [] borders; D.C., Plateia como documento; e, Palavrando.
          A partir das 13 horas era possível desfrutar dos três videos-ensaios que eram reproduzidos em uma sala. Foram eles: “Até que você me esqueça” de Denise Stutz, envolve dança, corpo e espaço; “O deus no arroz doce” de Enrique Diaz, sugere um corte de fluxos; e “Sortilégio”, de Milena Travassos, dialoga com a extensão do tempo, resistência.
          Com o intuito de transmitir, o que havia ocorrido nas palestras-intervenções, àqueles que não podiam estar presentes, fizeram tomar forma a chamada “escultura-arquivo”, que era feita no dia seguinte, sobre o evento da noite anterior. Foi possível ao nosso grupo ver a escultura-arquivo feita no dia 10 de setembro, referente, portanto, à palestra realizada no dia 09. Era ela: um círculo formado por cadeiras representando a palestra na noite anterior. O mais interessante é que ao mesmo tempo em que remete ao acontecimento da noite, torna-se também uma escultura a parte, a qual qualquer pessoa pode apreciar.
          Em “Sortilégio”, de Milena Travassos, não só o vídeo mas também o nome, remetem a feitiço, ritual, sorte, leitura. O termo indica a prática de “ler a sorte”, um método de adivinhação que com o avanço do Cristianismo passou a ser visto com maus olhos, sendo considerado bruxaria. No vídeo, Milena parece realizar um ritual. Um quarto com pouca luz, objetos espalhados - como espelhos e roupas -, sombras na parede das 16 garrafas de vidro aleatoriamente distribuídas pelo quarto, e a presença de autora sentada no chão, criam um hemisfério sombrio. Durante os 25 minutos de vídeo, Milena evidencia uma relação íntima com seu quarto. Sem olhos externos ela banha-se com a água contida em 15 garrafas. Uma delas, abastecida com vinho, Milena bebe; depois derrama o resto em si. Sons da água escorrendo e do barulho dos vidros ao serem colocados no chão se misturam. Uma atmosfera encantada, de magia, toma conta do ambiente. Em determinado momento Milena se levanta e vai saindo; desaparece num quarto ao final do corredor. Ela, então, declama um fragmento do poema “Lua”, de Walter Benjamin. Milena Travassos, em uma rápida conversa com a turma, confessou ter um encanto por laboratórios, o que a fez utilizar vidros na maioria dos seus trabalhos. Também afirmou ser este o primeiro trabalho em que fala.
          Falar é fazer uma performance. O nome do evento, Atos de Fala, é o próprio conceito. Ele está destinado a promover reflexões a respeito da fala como representante de um acontecimento passado. A verdade é que, até uma descrição é um ato de fala. Quando se escolhe escrever sobre uma determinada coisa em detrimento de outra, está sendo realizado um ato também. Ou seja, toda fala traz consigo uma infinidade de componentes e instituições culturais, e portanto, todas as falas são atos de escolha. Falar também é agir, e por isso: Atos de fala.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 8

O que é arte? Pergunta recorrente da filosofia. Causa até hoje discussões sobre os limites do desenvolvimento da nossa cultura. Temos diversas opiniões para essa indagação filosófica e também ontológica – uma vez que estuda uma abstração representativa criada pelos homens em busca de autognose – como a teoria da arte de Platão, que definia um padrão estético da arte, como a expressão do que tenta recriar o intangível que é a essência. E por outro lado temos argumentos contemporâneos que definem a arte como: qualquer coisa referente ao homem, e assim, tudo é arte a partir do momento que tudo é expressão. A relativização existe e serve como exercício filosófico para a ampliação da mente e quebra de pré-conceitos estabelecidos por normas nexpandir em termos sociais? A arte é inseparavelmente a transformação de um método em um sentimento ou ideologia, e não a transformação de um sentimento ou ideologia em uma nova construção de método. Se o conceito do que é a arte é perdido, simultaneamente, é perdida a maneira de eleger o que é melhor para o desenvolvimento cultural, social, moral e intelectual de uma pessoa, e assim, também a de uma sociedade em geral, retirando assim da arte sua capacidade formadora - tão importante quanto sua capacidade de expressão pessoal. Postas essas afirmações sobre aquilo que é definido como arte contemporânea, prossigamos à exposição. Na exposição ‘’Atos de Fala’’ – OI Futuro Ipanema 09/09/2011 – três trabalhos foram expostos no salão principal com a participação de uma das realizadoras, Milena Travassos, que tentou explicar sua obra.

No vídeo-ensaio ‘até que você me esqueça’, a realizadora Denise Stutz, utiliza-se do que seria a dança contemporânea para fazer um tributo à sua mãe, portadora de Alzheimer. Usa a edição de vídeo para mostrar a fragmentação mental dos portadores de Alzheimer, pedaços desconexos e uso de ângulos diferentes de gravação.

Em ‘o deus no arroz doce’, o realizador usa fotos e trechos de vídeos de família, para colocar uma cronologia de sua família através de um vídeo. Usando a edição dinâmica para mostrar o fluxo de tempo. Comparado com os outros dois vídeos, o mais bem produzido e preparado.

Em ‘sortilégio’, Milena Travassos tentou, embora sem sucesso, explicar o que pretendia com sua gravação. Entendeu-se algum tipo de ritual simbólico, com ares de feitiço, misturado com o uso de um plano-sequência para mostrar o ponto de vista de alguém como se olhasse na intimidade de seu quarto.

Quanto às palestras performáticas e intervenções, que parecem ser a parte mais substancial do evento, não pudemos vivenciá-las, ficando somente com os três vídeos-ensaios além da conversa com a autora Milena Travassos.

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 3

“A palavra por si só pode ser uma ação. Falar não é somente descrever, narrar, é também agir - e agir, também é falar.”
'Atos de Fala' é um festival que aborda o tema com muita sensibilidade, reunindo artistas de áreas diferentes para se apresentarem, através de palestras-intervenções e vídeos-ensaios, mostrando facetas diferentes e poderosas do discurso.
Os vídeos-ensaios, apresentados neste dinâmico evento, agregam um novo sentido ao conceito de ensaio. Através da ação, do movimento, da mudança de cenário e das transposições de imagens, os discursos apresentados nos vídeos se tornam subjetivos, intimistas e com uma grande sensibilidade. E se relacionam com a necessidade de expressão de cada artista.
Esse novo conceito é proposto pelo linguista inglês John Austin. Ele afirma que um ato de fala é um discurso que importa não só pelo que diz, mas pelo que se move quando se diz. Ou seja, nos vídeos-ensaios observados, a importância está não só pelo o que artista nos passa através do discurso, mas também o que ele nos passa pelas suas ações, pelo o que ele expressa em cada movimento e cena e pelas imagens.
Em “Sortilégio”, como o próprio nome sugere, é um mundo de encantamento e feitiços. Garrafas de vidros espalhadas pelo cômodo remetem às experiências laboratoriais, enquanto os banhos com água e o beber do vinho às espirituais, como batismos e ceia. O espelho que está na parede e não reflete nada nos remete à lua. Ao se retirar do quarto enfeitiçado, declama um trecho do poema “A Lua” de Walter Benjamin.
Nesse material, Milena Travassos não fez rascunho do que poderia acontecer. Por ser um ensaio, tudo pode mudar a qualquer instante e por isso mesmo, deixa-se levar pela atmosfera do vídeo, fugindo da realidade.
Em “Até que você me esqueça”, vemos Denise Shutz fazendo um solo de dança em homenagem à mãe. Movimentos lentos, desfocamento de lente, presença de luz branca, são efeitos usados para falar com leveza sobre a saudade daquilo que está se perdendo. Ao final do solo e das palavras de Denise, tudo se acaba no branco, a junção de todas as cores, a cor da luz. Uma linda homenagem ao fim da memória de alguém que um dia era cheio delas.

Em “Deus no arroz doce”, sob direção de Pedro Vossi e Lucas Marcier, trata-se de um discurso, através de imagens que se sobrepõem umas as outras, no qual é mostrado as lembranças que o artista imagina, recria da sua infância a partir de uma foto. As imagens, fotografias de sua infância o fazem reviver e recordar aquela época de sua vida.
Este vídeo-ensaio também mostra, a procura dos avós do artista pela “Terra sem males”. No vídeo é dito que foi um profeta que criou a lenda “A Terra sem males”. Nessa procura, os avós passaram por vários países como, México, Costa Rica e Peru. Porém, foi no Brasil que, finalmente, encontraram a “Terra sem Males”.
Após vermos os vídeos-ensaios, concluímos que todo discurso, linguístico ou corporal, é uma performance. Ao falarmos, monta-se um palco invisível onde o artista somos nós e o interlocutor ou espectador, nosso público. Lembremo-nos que nossas palavras e escolhas cotidianas são atos de fala.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

FÁBRICA BHERING! Ateliês abertos + Intervenções


Para quem quiser visitar a Fábrica Bhering no Santo Cristo, reativada como espaço para ateliês e estúdios de artistas: http://www.fabricabhering.com/ ou 
https://www.facebook.com/event.php?eid=139169156176457


Aberta para visitantes apenas nesta sexta (16) e sábado (17), das 13hs às 18hs.


"Na mesma fábrica aonde, há décadas, foram produzidas toneladas de balas e chocolates, hoje se instala uma série de ateliês e estúdios de artistas. O local até então abandonado e obscuro ganha novo uso, o que devolveu vida e atividade ao lugar… Trata-se do antigo prédio da Fábrica da Bhering no Santo Cristo, Rio de Janeiro. Talvez por ser um espaço pensado de maneira despretensiosa e sem qualquer intuito em comum entre os ocupantes, fez com que a pluralidade de linguagens e propostas desenvolvidas independentemente, pudessem dar início à transformação daquele ambiente peculiar em um lugar de produção e possíveis trocas."

Texto "O Ato Criador" de Marcel Duchamp

Olá, turma!
A quem interessar, aí está o link para o texto de Marcel Duchamp comentado em sala:
http://osocoracional.wordpress.com/2009/02/01/o-ato-criador-marcel-duchamp/
Bjs, Bia Morgado.

"Panoramas", aula de 16.09, 13h no IMS Gávea


Oi, Turma!

Na próxima aula, sexta, dia 16 de setembro, vamos ao Instituto Moreira Salles (IMS) visitar a exposição "Panoramas: a paisagem brasileira no acervo do Instituto Moreira Salles".
Nosso encontro lá é às 13h, próximo à piscina.
No site do IMS, vocês podem ler sobre a mostra e pegar o endereço de lá:  http://ims.uol.com.br/Cinema/D17/P=772
Beijos, Bia.

sábado, 3 de setembro de 2011

Exposição de Letícia Parente - Grupo 8 - Letícia Parente e o Objeto Corpo

Dentre os diversos temas tratados em toda a obra de Letícia Parente, como ditadura militar, nacionalismo, feminismo, origem nordestina e desmistificação da arte, há um fenômeno que é de comum ocorrência a grande parte dos vídeos: a transformação do corpo humano em objeto. Ou será o objeto que se torna humano?

Nos vídeos “Tarefa I” e “In”, onde Letícia respectivamente é posta por sua empregada para ser passada junto com a roupa e se pendura com um cabide dentro do armário, a ideia de unidade entre objeto e pessoa, casa e corpo acontece pela força que o cotidiano doméstico exerce sobre o indivíduo. Pela repetição não há mais distinção entre a peça de roupa e a pessoa que a veste. Por isso a artista se coloca no lugar no objeto, é passada e se pendura no armário.

Em ‘identidade’ e ‘Preparação I’, além de resgatar uma tradição nordestina, representada pela costura, podemos identificar pensamentos críticos em relação ao governo militar, colonialismo cultural e o papel da mulher da sociedade. No primeiro vídeo, o corpo é tanto um elemento de um trabalho artesanal, na ação da costura, quanto um produto industrializado, quando a frase ‘made in brazil’ é escrita na sola do pé de Letícia por ela mesma.  No segundo, a relação de transformação do corpo em coisa não viva pode ser vista pelo fato que de no lugar dos olhos e da boca são colocadas fitas de papel com desenhos representativos desses órgãos, mas que, no caso da boca, não serve para falar, e dos olhos, não servem para ver.

Em outros dois vídeos podemos perceber essa atuação do corpo num papel de objeto. Os títulos ajudam a entender essa relação.  Em ‘O Homem do Braço e o Braço do Homem’, uma figura masculina exercita o braço de maneira mecânica, passando a ideia de um instrumento robotizado que é programado para exercer somente uma função. No vídeo ‘especular’, a fala de cada um dos dois personagens é refletida no outro.  Em dado momento podemos ouvir o seguinte: "do que você está ouvindo de mim do que eu estou ouvindo de você do que você está ouvindo de mim do que eu estou ouvindo de você".
  A sensação de reflexão, de espelho fica evidente com essa repetição dos termos “de mim” e “de você”.  Esse vídeo é para ser  visto e ouvido.

Essa unidade entre objeto e corpo pode ser relacionada com a tentativa de Letícia Parente de desmistificar a arte, tirá-la de uma posição de contemplação e trazê-la para perto das pessoas, onde estejam no mesmo plano que ela, possam senti-la, unir-se a ela.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"Atos de Fala" - aula de 09.09 no Oi Futuro IPANEMA

Turma, esse é o site http://www.atosdefala.com da exposição que iremos na aula da próxima sexta, dia 09.09. Nos encontraremos no primeiro andar do Oi Futuro Ipanema, 10 min para as 13h, ok?
Seremos recebidos pela Milena Travassos, uma das artistas da mostra.
Até lá!