domingo, 18 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 2

O que fazer num festival em uma cidade já repleta de tantos outros festivais? O desafio está em realizar uma performance diferente! Uma lente que crie outros conjuntos. “Atos de Fala” trata-se de um festival realizado no Oi Futuro de Ipanema, com duração de cinco dias, constituído por diferentes elementos, como palestras-intervenções, vídeos-ensaios e esculturas-arquivos.
          Durante as quatro noites de festival, as palestras-intervenções aconteciam às 19 horas. Foram elas: “Sustenance: A play to all trans [] borders; D.C., Plateia como documento; e, Palavrando.
          A partir das 13 horas era possível desfrutar dos três videos-ensaios que eram reproduzidos em uma sala. Foram eles: “Até que você me esqueça” de Denise Stutz, envolve dança, corpo e espaço; “O deus no arroz doce” de Enrique Diaz, sugere um corte de fluxos; e “Sortilégio”, de Milena Travassos, dialoga com a extensão do tempo, resistência.
          Com o intuito de transmitir, o que havia ocorrido nas palestras-intervenções, àqueles que não podiam estar presentes, fizeram tomar forma a chamada “escultura-arquivo”, que era feita no dia seguinte, sobre o evento da noite anterior. Foi possível ao nosso grupo ver a escultura-arquivo feita no dia 10 de setembro, referente, portanto, à palestra realizada no dia 09. Era ela: um círculo formado por cadeiras representando a palestra na noite anterior. O mais interessante é que ao mesmo tempo em que remete ao acontecimento da noite, torna-se também uma escultura a parte, a qual qualquer pessoa pode apreciar.
          Em “Sortilégio”, de Milena Travassos, não só o vídeo mas também o nome, remetem a feitiço, ritual, sorte, leitura. O termo indica a prática de “ler a sorte”, um método de adivinhação que com o avanço do Cristianismo passou a ser visto com maus olhos, sendo considerado bruxaria. No vídeo, Milena parece realizar um ritual. Um quarto com pouca luz, objetos espalhados - como espelhos e roupas -, sombras na parede das 16 garrafas de vidro aleatoriamente distribuídas pelo quarto, e a presença de autora sentada no chão, criam um hemisfério sombrio. Durante os 25 minutos de vídeo, Milena evidencia uma relação íntima com seu quarto. Sem olhos externos ela banha-se com a água contida em 15 garrafas. Uma delas, abastecida com vinho, Milena bebe; depois derrama o resto em si. Sons da água escorrendo e do barulho dos vidros ao serem colocados no chão se misturam. Uma atmosfera encantada, de magia, toma conta do ambiente. Em determinado momento Milena se levanta e vai saindo; desaparece num quarto ao final do corredor. Ela, então, declama um fragmento do poema “Lua”, de Walter Benjamin. Milena Travassos, em uma rápida conversa com a turma, confessou ter um encanto por laboratórios, o que a fez utilizar vidros na maioria dos seus trabalhos. Também afirmou ser este o primeiro trabalho em que fala.
          Falar é fazer uma performance. O nome do evento, Atos de Fala, é o próprio conceito. Ele está destinado a promover reflexões a respeito da fala como representante de um acontecimento passado. A verdade é que, até uma descrição é um ato de fala. Quando se escolhe escrever sobre uma determinada coisa em detrimento de outra, está sendo realizado um ato também. Ou seja, toda fala traz consigo uma infinidade de componentes e instituições culturais, e portanto, todas as falas são atos de escolha. Falar também é agir, e por isso: Atos de fala.

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