terça-feira, 20 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 5 - O sortilégio da arte

A exposição que ficou em curtíssima temporada no Oi Futuro de Ipanema apresentou (além das performances noturnas) três vídeo-performances. Embora as obras estejam na mesma categoria, o objeto de análise dos trabalhos eram muito diferentes entre si, o que deixou a exposição pouco coesa.

O trabalho “Até que você me esqueça” é uma dança-performance. Nele, a artista apresenta a água e o movimento como símbolos da vida. O expectador a vê dançar ora através das grades da janela, ora ao ar livre, transmitindo diferentes sensações quanto à liberdade e a expressão na dança. A força posta em cada passo marcam a intensidade e a conexão dos movimentos da artista com a natureza. É uma obra muito bem pontuada nos movimentos, mas com tão pouca cor que os destaques ficam velados.

Já na obra “O deus do arroz doce”, o artista faz um vídeo-registro de sua vida e sua família. Através de depoimentos dos avós, que escolhem o Rio de Janeiro como a terra sem males, de fotos de uma menina nadando na banheira e de um menino espreitando a empregada doméstica cozinhando, o artista marca o cotidiano familiar. Há muitos efeitos no vídeo, mas, como destaque, veem-se fogos de artifício marcando a felicidade e o início. É feito também o questionamento sobre o que é a felicidade. É um trabalho confuso, mas que transmite um ar pueril, o que agrada, pois se vê o valor que o autor dá a sua família, ajudando o público a se aproximar e a se identificar com o universo da obra.

O terceiro trabalho se chama “Sortilégio” e se trata de um vídeo-ensaio. A artista cria um universo misterioso, como se o expectador olhasse pelo buraco da fechadura. É quase mágico com o auxílio de imagens em preto e branco, garrafas de vidro, espelhos e reflexos, luz e sombra, imagem distorcida e gestos que lembram um ritual. Ela se utiliza do poema “A Lua” de Walter Benjamin para dar acabamento a sua obra, mergulhando ainda mais no universo do fantástico. A artista, que usa uma roupa que parece se fundir ao chão (tornando-a mais integrada àquele universo), utiliza muitas garrafas com água e uma com vinho para representar algo como um batismo ou um ato de purificação.

Muito se questionou quanto ao caráter artístico da obra, pois a própria artista revelou que boa parte do que estava no vídeo foi feito “acidentalmente”, ou melhor, de forma não planejada. Por exemplo, ela tossir, um espelho a refletir, um parecer uma porta e o outro uma lua. O que, portanto, não teria um conceito, seria simplesmente uma experimentação que foi considerada arte.

Particularmente, acredito que a obra de Milena Travassos se encaixa na categoria da vídeo-arte pós-moderna que procura experimentar, criar mesmo sem ter certeza de qual será o resultado. É, de fato, carente de um conceito bem fundamentado, mas entretém, desperta a atenção pelo aspecto onírico. Logo, considero como arte já que provocou alguma sensação no expectador. 

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