sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Exposição "Atos de Fala" - Grupo 3

“A palavra por si só pode ser uma ação. Falar não é somente descrever, narrar, é também agir - e agir, também é falar.”
'Atos de Fala' é um festival que aborda o tema com muita sensibilidade, reunindo artistas de áreas diferentes para se apresentarem, através de palestras-intervenções e vídeos-ensaios, mostrando facetas diferentes e poderosas do discurso.
Os vídeos-ensaios, apresentados neste dinâmico evento, agregam um novo sentido ao conceito de ensaio. Através da ação, do movimento, da mudança de cenário e das transposições de imagens, os discursos apresentados nos vídeos se tornam subjetivos, intimistas e com uma grande sensibilidade. E se relacionam com a necessidade de expressão de cada artista.
Esse novo conceito é proposto pelo linguista inglês John Austin. Ele afirma que um ato de fala é um discurso que importa não só pelo que diz, mas pelo que se move quando se diz. Ou seja, nos vídeos-ensaios observados, a importância está não só pelo o que artista nos passa através do discurso, mas também o que ele nos passa pelas suas ações, pelo o que ele expressa em cada movimento e cena e pelas imagens.
Em “Sortilégio”, como o próprio nome sugere, é um mundo de encantamento e feitiços. Garrafas de vidros espalhadas pelo cômodo remetem às experiências laboratoriais, enquanto os banhos com água e o beber do vinho às espirituais, como batismos e ceia. O espelho que está na parede e não reflete nada nos remete à lua. Ao se retirar do quarto enfeitiçado, declama um trecho do poema “A Lua” de Walter Benjamin.
Nesse material, Milena Travassos não fez rascunho do que poderia acontecer. Por ser um ensaio, tudo pode mudar a qualquer instante e por isso mesmo, deixa-se levar pela atmosfera do vídeo, fugindo da realidade.
Em “Até que você me esqueça”, vemos Denise Shutz fazendo um solo de dança em homenagem à mãe. Movimentos lentos, desfocamento de lente, presença de luz branca, são efeitos usados para falar com leveza sobre a saudade daquilo que está se perdendo. Ao final do solo e das palavras de Denise, tudo se acaba no branco, a junção de todas as cores, a cor da luz. Uma linda homenagem ao fim da memória de alguém que um dia era cheio delas.

Em “Deus no arroz doce”, sob direção de Pedro Vossi e Lucas Marcier, trata-se de um discurso, através de imagens que se sobrepõem umas as outras, no qual é mostrado as lembranças que o artista imagina, recria da sua infância a partir de uma foto. As imagens, fotografias de sua infância o fazem reviver e recordar aquela época de sua vida.
Este vídeo-ensaio também mostra, a procura dos avós do artista pela “Terra sem males”. No vídeo é dito que foi um profeta que criou a lenda “A Terra sem males”. Nessa procura, os avós passaram por vários países como, México, Costa Rica e Peru. Porém, foi no Brasil que, finalmente, encontraram a “Terra sem Males”.
Após vermos os vídeos-ensaios, concluímos que todo discurso, linguístico ou corporal, é uma performance. Ao falarmos, monta-se um palco invisível onde o artista somos nós e o interlocutor ou espectador, nosso público. Lembremo-nos que nossas palavras e escolhas cotidianas são atos de fala.

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