terça-feira, 30 de agosto de 2011

Exposição de Letícia Parente - Grupo 1


Por Bárbara Souza, Gabriela Pantaleão, Johanna Beringer, Laura Freitas e Luís Felipe Sá.     

    Poemas Visuais. Relaçoes íntimas e, também, universais. Críticas à Ditadura militar brasileira. Durante seus filmes, a artista permeia a sua origem nordestina com todo apelo ao que é de nível familiar e pessoal, até a questão da ideia pseudo-nacionalista promovida pela ditadura. . Letícia Parente retrata  - no sentido mais amplo desse verbo - um momento problemático da política brasileira e outras questões. 

      Em "Preparaçao I", Leticia Parente faz uma crítica a ditadura militar, que atuou de maneira coercitiva em relação à liberdade de expressão e ao acesso as informações.  Quando a personagem bloqueia seus próprios olhos com esparadrapo, ela fica incapaz de enxergar, e assim, fica a margem das informações, dos acontecimentos, das diretrizes politicas, e o mesmo processo se dá quando ela bloqueia a boca, tornando-se incapaz de exprimir qualquer opinião, informação e contato verbal com outras pessoas. Além disso, associado ao ato de bloquear a visão e a fala, ela se pinta, fazendo uma critica feminista, em que a mulher não tem voz e nem tem possibilidade de contato com a informação, mas deve manter sua imagem de beleza, cultivada na sociedade brasileira.

       Já "Preparação II”, Letícia Parente escreve em cartelas o nome de quatro vacinas, em francês: anti-colonialismo, anti-racismo, anti-mistificação da política e anti-mistificação da arte. Depois de escrever cada um dos nomes das vacinas, ela toma as injeções, dando a ideia de que é para se defender desses males (racismo, colonialismo, mistificação da arte e da política), que estão em evidência no contexto político da ditatura brasileira na década de 70/80.

        Em "Marca Registrada", "Tarefa I"e "In" há em comum uma provocação sobre o processo de  coisificação das pessoas. Ao costurar "Made in Brazil" na sola de seu pé, Letícia Parente se compara a um objeto, pois são palavras que costumam estar gravadas em rótulos de embalagens a serem vendidas e consumidas. E vai além; a costura também remete às práticas da cultura nordestina, da qual a artista é representante. Ao ser passada, dentro da roupa, pela empregada doméstica, Letícia está invertendo os papéis, fazendo-se objeto e sendo tratada como tal. Algo semelhante ocorre na obra "In", na qual a artista se pendura, literalmente, em um cabide se guarda no armário.

     Fica claro também o pensamento a respeito do corpo em conflito ( e, simultaneamente, em parceria) com o que há "do lado de dentro". Daí surgem metáforas brilhantes como a apresentada em "Eu amário de mim", que pode ser interpretado de muitas maneiras, dentre elas, como uma questão relativa ao "caber". É notando isso que se percebe a conexão entre os vídeos, e, claro, o mapa da casa, que está exibido logo no início da exposição. Em “O homem do braço, e o braço do homem”, Letícia Parente nos faz refletir também acerca da posição do homem na sociedade, é uma crítica à padronização do corpo e do pensamento masculinos na sociedade moderna. A estética se sobrepõe ao pensamento e à inteligência. A importância do conhecimento e da reflexão intelectual é suprimida pela absorção dos padrões impostos pela futilidade da cultura de massa.

    Letícia Parente foi uma das precursoras da vídeo-arte no Brasil, química e artista nordestina, casada e com cinco filhos, deixou para enriquecer nosso estudo e reflexão diversas obras diferentes, algumas delas citadas anteriormente, e, outras, que infelizmente se perderam com o tempo.

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