terça-feira, 30 de agosto de 2011

Exposição de Letícia Parente - Grupo 3

A exposição no Oi futuro sobre Letícia Parente é no mínino instigante. A sala composta por instalações nos mostra vídeos produzidos entre 1970 e 1980. Utilizando seu corpo como suporte, Letícia mostrou a todos que arte não deve ser algo elitista, mas simples, alcançável e que dialogue com a vida.

A casa é o corpo, o corpo é a casa.

Letícia reinventa o cotidiano, reconfigura as tarefas domésticas, reflete sobre o papel da mulher, a mistificação da arte, os anos da ditadura e a economia do país.
Considerada um das precursoras da video-arte no Brasil, Letícia representa o papel dessa arte com grande estilo. 

Quem é o artista? Onde fazer arte? Por que fazer arte?

Nenhum de seus trabalhos é apenas ornamental e principalmente no audiovisual todo possui um fundamento, um sentindo e até uma crítica.
Com clareza e leveza, conduz o espectador da sua video-arte a refletir sobre a obra, interagindo-se com ela.

Preparação I
Quando tapa olhos e boca com esparadrapo e desenha novos deles por cima da fita, a artista questiona sobre o papel da mulher. Como se a mulher assumisse o seu papel diante da sociedade, sem se expressar ou questionar. Não vê, mas pinta os olhos, não fala, mas passa batom. Logo depois ela arruma o cabelo, a roupa e sai do banheiro.

Marca registrada
A inscrição Made in Brazil sendo costurada na sola do pé nos mostram vários sentido: a reificação (pessoa em produto), nacionalização, governo opressor, a exportação da arte brasileira. Além disso, a inscrição será a base dela quando pé, acima da qual ela se manterá.

O homem do braço e o braço do homem
Aparece a imagem de um anúncio de uma academia de ginástica de um corpo de homem da cintura para cima, exercitando o braço. O movimento é repetitivo, cronômetrado e eficaz. Em seguida, vê-se um homem da cintura para cima também movimentando o braço da mesma forma. À medida que vai repetindo o gesto ele demonstra cansaço, o homem diferente da maquina sente dor. Percebe-se uma crítica ao culto do corpo, a propaganda que inserem na mente da sociedade um tipo definido de corpo, uma perfeição que todos querem alcançar. 

O comum, a rotina, o cotidiano estão sempre presentes no trabalho dela, seja na hora em que usa o armário para expor vários objetos separadamente (papel amassado, roupa branca, roupa preta, cebolas, sapatos..), seja na hora em ela mesma pendura e tranca-se nele, ou até mesmo quando ela “vira” roupa e a empregada passa o ferro no seu corpo com a calma de quem passa uma roupa de verdade.

Artista é aquele que não somente cria para deleite próprio, como refrigério para alma e mente efervescentes, mas que sabe usar a arte para comunicar, criticar, fazer e pensar.

Letícia Parente, portanto, é uma artista completa. Com sua criatividade, utiliza de diferentes meios e linguagens para relacionar arte e fatos do seu momento histórico - políticos, sociais, econômicos, envolvendo o telespectador com a sua obra.

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